expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

O Dia do Senhor

(RA, fev. de 1997)

Será que o apóstolo João, exilado na Ilha de Patmos por ordem de um imperador pagão, iria se referir ao domingo como o dia do Senhor? Numa época em que seus companheiros de fé cristã estavam sendo perseguidos por se recusarem a adorar o imperador, o apóstolo não hesitou em usar a expressão grega kuriake hemera - dia do Senhor - para se referir ao sábado.
Tem-se discutido muito a respeito da expressão "o dia do Senhor". As opiniões variam. Alguns acham que João fazia alusão ao "dia do Senhor" anunciado pelos profetas do Antigo Testamento (Joel 2:11 e 31; Sof. 1:14; Mal. 4:5; cf. Atos 2:20). Para alicerçar essa idéia, dizem que o livro do Apocalipse ressalta o gtande dia final. Nesse caso, a visão revelou ao apóstolo os eventos conectados com o dia do juízo. Há os que interpretam a expressão como uma referência a toda a dispensação cristã e não a um dia de vinte e quatro horas. Outros pensam que se trata de uma menção ao dia do imperador. E existe um grupo mais numeroso que vê implícito, na referida expressão, o dia de domingo. Nós, adventistas, defendemos o princípio de que kuriake hemera significa o sétimo dia, o sábado. Mas, antes de defender essa posição, é necessário dar algumas explicações preliminares.
Toda vez que a expressão "dia do Senhor" designa claramente o grande dia do Senhor, 2 ou seja, o dia do juízo, ela apa-g rece assim em grego: hemera S tou kuriou ou hemera kuriou. I (Ver I Cor. 5:5; I I Cor. 1:14; I h. Tess. 5:2 e I I Pedro 3:10.) Ou-f j j ) fevereiro97

tto aspecto importante é o fato de que o contexto de Apocalipse 1:9 e 10 não se refere ao conteúdo da visão, mas, sim, ao tempo em que João a tece-beu. O lugar (a ilha de Patmos), a razão pela qual o apóstolo estava ali e seu estado de arrebatamento mostram as circunstâncias em que a visão foi dada. Além disso, João foi específico quanto ao tempo: o dia do Senhot. Esses fatores jogam por tena a suposição de que o dia do Senhor tenha algo a ver com a d i s p e n s a ç ã o cristã. Fica, pois, bem claro que não se pode atribuir significado simbólico à expressão em foco.
Quanto a ter sido um domingo, o Comentário Adventista, em inglês, vol. 7, pág. 735, pondera:
"Existem razões tanto negativas como positivas para a re-jeição dessa interpretação. A primeira é o reconhecimento do princípio do método histórico que declara que uma alusão deve ser interpretada somente em termos da evidência que a antecede no ponto de vista do tempo, ou que lhe seja contempotânea e não pot dados históticos de um período posterior. Esse princípio tem um aspecto impottante na questão do significado da ex-

aparece na passagem. Embora este termo ocorra com freqüência nos Pais da Igreja, com a significação de domingo, a primeira evidência conclusiva de tal uso não aparece senão na última parte do segundo século, no apócrifo Evangelho Segundo Pedro (9- 12; ANE, vol. 9, pág. 8), onde o dia da ressurreição de Cristo é denominado 'dia do Senhor'. Considerando que esse documento foi escrito pelo menos três quartos de século após João tet escrito o Apocalipse, ele não pode ser apresentado

como prova de que a frase 'dia do Senhor', no tempo de João, se refira ao domingo."
0 sábado — Agora estamos preparados para analisar as razões pelas quais a expressão "dia do Senhor" diz respeito ao sábado. Deus, após os seis dias da criação, chamou o sábado de Seu santo dia (Gên. 2:2 e 3). Muitas passagens bí

blicas afirmam que o sábado é o dia do Senhot. "Amanhã é repouso, o santo sábado do Senhor" (Êxo. 16:23). O quarto mandamento diz: "O sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus" (Exo. 20:10). A conhecida passagem de Isaías 58:13 chama o sábado de "deleitoso e santo dia do Senhot". No confronto com os líderes judaicos, Jesus foi enfático: "Porque o Filho do homem é senhor do sábado" (Mat. 12:8).
Em face dessas evidências bíblicas, o Comentário Adventista, à pág. 736, conclui: "Portanto, quando a frase 'dia do Senhor' é interpretada em harmonia com evidências contemporâneas e anteriores aos dias de João, torna-se evidente que não há referência a nenhum outro dia a não ser o sábado, ou o sétimo dia da semana."
Ellen White afirma: "O sábado que Deus instituiu no Éden, era tão precioso para João na ilha solitária como quando ele estava com seus companheiros em cidades e vilas. As preciosas promessas que Cristo havia dado concer-nentes a esse dia, Ele as repetiu e reclamou como Suas. ... No dia I de sábado o Salvador 1 ressuneto tornou Sua presença conhecida a João." - Youth's Instructor, 5 de abril de 1900.