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Compreendendo o Grande Conflito

Por Alberto R. Timm 

Muitas pessoas, hoje, concordam que nosso mundo é um campo de batalha entre o bem e os poderes espirituais do mal. Suas atividades estão evidentes, como, por exemplo, o dramático contraste entre a felicidade da vida e a dor da morte, a beleza do amor e a crueldade do ódio, ou o fato de que, às vezes, pessoas boas são as que mais sofrem (cf. Sl 73:2-17; Ml 3:13-18). Na parábola de Jesus sobre o joio (Mt 13:24-29), os servos perguntaram: “O senhor não semeou boa semente em seu campo? Então, de onde veio o joio?” E o dono respondeu: “Um inimigo fez isso”1 (versos 27 e 28).

O mistério coexistente de uma disputa entre o bem e o mal levanta algumas questões cruciais: Essa controvérsia teve um início, mas será que um dia terá fim? Qual é seu significado com base teológica? E, mais, quão difundido está em nosso mundo hoje? Esse artigo procura encontrar respostas bíblicas para essas questões fundamentais.

Como o Conflito Começou 
O grande conflito é um conflito cósmico, em curso, que teve princípio e terá fim. Seu misterioso início nas cortes celestes estava previsto, mas não ordenado por Deus, que “tomou providências para enfrentar a terrível emergência”.2 Após deixar de ser agradecido a Deus e ter cada vez mais inveja dEle (Is 14:12-14; Ez 28:12-17), Lúcifer começou a difundir a apostasia nas cortes celestes. “Deus, em Sua grande misericórdia, suportou longamente a Satanás”,3 mas chegou um momento em que a rebelião havia se consolidado e Lúcifer (que se tornou Satanás) e seus anjos “foram atirados para a Terra” (Ap 12:7-9).

Com a queda de Adão e Eva (Gn 3), a Terra tornou-se o campo de batalha entre o bem e o mal. 

Grande Conflito

Toda a humanidade está agora envolvida num grande conflito entre Cristo e Satanás quanto ao caráter de Deus, Sua lei e Sua soberania sobre o Universo. Esse conflito originou-se no Céu quando um ser criado, dotado de liberdade de escolha, por exaltação própria, tornou-se Satanás, o adversário de Deus, e conduziu à rebelião uma parte dos anjos. Ele introduziu o espírito de rebelião neste mundo, ao induzir Adão e Eva ao pecado. Esse pecado humano resultou na deformação da imagem de Deus na humanidade, no transtorno do mundo criado e em sua consequente devastação por ocasião do dilúvio mundial. Observado por toda a criação, este mundo tornou-se o palco do conflito universal, dentro do qual será finalmente vindicado o Deus de amor. Para ajudar Seu povo nesse conflito, Cristo envia o Espírito Santo e os anjos leais para os guiar, proteger e amparar no caminho da salvação. (Ap 12:4-9; Is 14:12-14; Ez 28:12-18; Gn 3; Rm 1:19-32; 5:12-21; 8:19-22; Gn 6–8; 2Pe 3:6; 1Cr 4:9; Hb 1:14.)A história da humanidade é muito mais do que um simples palco das atividades humanas. É, na verdade, o cenário da constante luta entre as estratégias enganadoras de Satanás e o plano redentor de Deus. A despeito do sucesso de Satanás, enganando a vasta maioria dos seres humanos, Deus ainda está no controle de toda a luta e permite que ela se desenvolta até certo limite (cf. Dn 4:32). Sempre que esses limites são forçados, Deus intervém por meio do Seu julgamento, como na destruição do mundo pelo dilúvio (Gn 6, 7) e de Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, com fogo e enxofre (Gn 19:23-29; Dt 29:23; Jd 7).

A teoria pagã da imortalidade natural da alma sugere que o pecado teve um início, mas nunca terá um fim. Em contraste, a Bíblia ensina que pecado e pecadores, finalmente, serão destruídos e que o Universo será restaurado à sua perfeição e harmonia originais. Pelo perfeito plano de salvação de Deus, está garantido o triunfo de Cristo sobre Satanás, o pecado e a morte (Jo 12:31; 14:30; 19:30; Ap 1:18). Essa grande controvérsia terá fim com a destruição definitiva de Satanás, seus anjos e todos os ímpios (Ml 4:1; Jd 5-7).

O Que Isso Significa? 
Toda a controvérsia cósmica gravita em torno do caráter de Deus como está expresso em Sua lei moral. Ao longo da história, Satanás desenvolveu diferentes estratégias para distorcer a relação das pessoas com a lei. Nos tempos do Antigo Testamento, até o exílio babilônico, o povo de Deus sempre foi tentado a transgredir a lei pela idolatria. Após o exílio, o pêndulo foi para o lado oposto, para o legalismo extremo, quando a lei foi considerada um fim em si mesma para a salvação. No período pós-apostólico, a lei, confirmada pela cruz de Cristo (Rm 3:31), começou a ser considerada abolida. Entrementes, o compromisso incondicional do povo remanescente do tempo do fim para com a lei coloca-os sob a especial fúria de Satanás (Ap 12:7).

Algumas pessoas consideram o conflito cósmico como o centro da teologia bíblica. Porém, nem ele nem outro assunto qualquer podem substituir Deus como o centro da revelação de toda doutrina verdadeira. O conflito cósmico fornece a estrutura teológica básica na qual todas as doutrinas da Bíblia e princípios de vida se tornam significativos e na perspectiva correta. Além disso, também nos dá uma compreensão verdadeira da história como um palco em que seres humanos desempenham seu papel na vida, tanto para Satanás e sua causa enganosa, como para Deus e Seu plano salvífico.

Realidade Mundial 
À medida que o grande conflito avança para o fim, o mal, a tentação e o pecado estão se tornando mais agressivos na natureza e avançando em sua extensão. No Jardim do Éden, a tentação era delimitada geograficamente à árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2:16, 17). Com a queda de Adão e Eva, a tentação tornou-se uma realidade global com expressões externas (ambientais) e internas (natureza humana) (Gn 3:7-19). Em séculos passados, os lares dos filhos de Deus eram (embora nem sempre) fortalezas de valores morais e espirituais (cf. Js 24:15; Jó 1:5). No entanto, com a intromissão da mídia moderna em nossa vida, todo tipo de tentação tornou-se disponível aos filhos de Deus, de todos os lugares.

No cenário do grande conflito, é crucial a disputa pela mente humana, a qual comanda os comportamentos pessoais e sociais. Cristo explicou que “do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez” (Mc 7:21, 22). A força do mal é reconhecida nas palavras de Paulo: “Pois não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é que eu faço” (Rm 7:19, NVLH). Somente o poder sobrenatural da graça salvadora de Deus pode resgatar os pecadores do “domínio das trevas” e os transportar para “o Reino” de Cristo (Cl 1:13, 14; cf. Ef 2:1-10),
restaurando neles “a mente de Cristo” (1Co 2:16) e fazendo deles “novas criaturas” (2Co 5:17).

O grande conflito cósmico começou no Céu, com a rebelião de Lúcifer e seus anjos, e foi transferido para este mundo por causa da queda de Adão e Eva, e permanecerá aqui até a destruição final do pecado e de todos os pecadores impenitentes (inclusive Satanás e seus anjos), no fim dos mil anos mencionados em Apocalipse 20. Como o pecado não é eterno, nem os pecadores imortais, Deus é capaz de destruí-los e de restaurar a Terra ao seu estado de perfeição original. Então, a dor da morte será substituída pela alegria da vida; a crueldade do ódio será dominada pela beleza do amor, e nunca mais as pessoas boas sofrerão. Finalmente, o bem triunfará sobre o mal. 

1 Textos bíblicos extraídos da Nova Versão International.
2 Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 22.
3 Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 495.