(RA, abril de 2001)
Embora a Bíblia e o Espírito de Profecia não falem muito sobre este assunto, temos informações suficientes para uma conclusão satisfatória. O período em que Adão permaneceu no Éden, até a queda, deve ter sido breve, pois, de acordo com Gênesis 5:3, somos informados de que ele viveu 130 anos até o nascimento de seu filho Sete. Considerando que Sete nasceu depois da morte de Abel, talvez Caim já tivesse uns 30 anos quando matou Abel. Em face disso, podemos admitir que nossos primeiros pais caíram em pecado pouco depois da criação do mundo. A respeito disso, afirma Ellen G.White: “Deus, em Sua grande misericórdia, suportou longamente a Satanás...Muito tempo foi ele conservado no Céu.” – O Grande Conflito, págs. 495 e 496. Isto parece sugerir que houve um período mais longo do que apenas o tempo que decorreu da criação da Terra até a queda de Adão e Eva. Outra citação que talvez ajude a reforçar a expulsão de Satanás antes da criação da Terra, é a seguinte: “Os anjos do Céu lamentaram a sorte daqueles que tinham sido seus companheiros de felicidade e alegria. Sua perda era sentida no Céu. “O Pai consultou Seu Filho com respeito à imediata execução de Seu propósito de fazer o homem para habitar a Terra.” – História da Redenção, pág. 19.
A leitura dos primeiros capítulos do livro Patriarcas e Profetas nos leva a deduzir que a transição do estado de perfeição em que Lúcifer se encontrava antes, para a condição de rebelde e mentiroso contumaz que se tornara agora, não poderia haver ocorrido em tempo muito curto. A maneira como ele tentou nossos primeiros pais no Jardim do Éden demonstra que já era então um pecador endurecido e completamente rebelado contra o governo de Deus. Diz Ellen White: “Perante os habitantes do Céu, reunidos, o Rei declarou que ninguém a não ser Cristo, o Unigênito de Deus, poderia penetrar inteiramente em Seus propósitos, e a Ele foi confiado executar os poderosos conselhos de Sua vontade. O Filho de Deus executara a vontade do Pai na criação de todos os exércitos do Céu; e a Ele, bem como a Deus, eram devidas as homenagens e fidelidade daqueles. Cristo ia ainda exercer o poder divino na criação da Terra e de seus habitantes. Em tudo isto, porém, não procuraria poder ou exaltação para Si mesmo, contrários ao plano de Deus, mas exaltaria a glória do Pai, e executaria Seus propósitos de beneficência e amor.” – Patriarcas e Profetas, pág. 36. Notemos que nessa ocasião Satanás já se havia rebelado nas cortes celestiais, mas Cristo ainda não criara a Terra e seus habitantes. Quanto ao que é mencionado em Apocalipse 12:7-9 e 12, dizemos que, embora João descreva aí a história do grande conflito entre Cristo e Satanás, desde seu início até o fim, ele focaliza principalmente a luta na cruz. O texto diz que foi expulso o “acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia, e de noite, diante do nosso Deus”.
Concluímos que a queda mencionada nos versos 9 e 10 não se refere à expulsão de Satanás do Céu, ocorrida antes da criação deste mundo, mas à derrota que sofreu ao morrer Cristo na cruz, visto que ao tempo dessa expulsão ele já era sedutor e enganador dos homens. Depois da morte do Filho de Deus, as atividades de Satanás restringiram-se mais ao nosso planeta. “A derrota de Satanás como acusador dos irmãos no Céu, foi realizada pela notável obra de Cristo em dar Sua vida.” (Comentários de E. G.Whire, sobre Apocalipse 12:10, em The SDA Bible Commentary, vol 7. pág. 973.
A mesma escritora declara ainda:
“Satanás viu que estava desmascarado. Sua administração foi exposta perante os anjos não caídos e o Universo celestial. Revelara-se um homicida. Derramando o sangue do Filho de Deus, desarraigou-se Satanás das simpatias dos seres celestiais. Daí em diante sua obra seria
restrita.” – O Desejado de Todas as Nações, pág. 761