Por José Carlos Ramos (RA, jan. de 1990)
No livro do Apocalipse está contida uma revelação tanto subjetiva como objetiva de Jesus Cristo. O último livro da Bíblia, em consonância com o restante do Novo Testamento, indica que a pessoa de Jesus jamais pode ser desvinculada de Sua mensagem e vice-versa. Há, na realidade, um perfeito sincronismo entre ambos. Ele tanto profere a Palavra de Deus (1:2) como Se identifica com ela (19:13), e assim, ao transmitir a mensagem que o Pai Lhe confere, Jesus faz uma revelação de Si mesmo. NEle, profeta e profecia se consubstanciam formando uma unidade, uma única realidade. A pessoa de Cristo, bem como Seus ensinos revelam a pessoa de Deus e Seu propósito, enquanto dela promanam a revelação e o Revelador.1 "Cristo é tanto o Mistério como o Revelador do Mistério. Ele vem para revelar-Se a Si mesmo, e em Si mesmo revelar o Pai, de Quem é a imagem. Assim o livro, nas palavras de abertura, nos leva para além dele mesmo."2 Assim, deter-nos-emos um pouco no significado, natureza e objetivo da profecia, sua centralidade na cruz e o que isto representa para a nossa experiência cristã.
A profecia não trata exclusivamente do futuro, mas igualmente revela a verdadeira essência do passado e do presente.
Profecia e História
Somente quando se considera que o divino Revelador corporifica a revelação e Se revela nela e por ela, poder-se-á atinar com o verdadeiro significado dos eventos proféticos relacionados no Apocalipse. "Assim é visto que, embora os altos e baixos da história da Terra estejam incluídos na revelação, ela é também a revelação de uma pessoa real. Não se trata do fluxo progressivo de circunstâncias, sem significação e sentimento, mas de vidas de homens e de nações observadas à luz dAquele que é a luz de todo homem, e a vida de toda a História; e assim aprendemos que 'somente uma Pessoa real pode ser o Alfa e o ômega, o ponto de partida da criação e seu repouso final'. O testemunho de Jesus é o espírito desta profecia como de todas as outras."3
Com efeito, a mensagem profética exarada nas Escrituras é muito mais que uma simples exposição de fatos que deverão ocorrer. Tampouco a profecia foi dada para saciar a curiosidade humana quanto ao futuro. O mero conhecimento do futuro não traz qualquer benefício para o homem. É verdade que a profecia envolve o futuro, mas este virá um dia a ser parte da História que por sua vez é o palco da ação divina no processo da restauração de todas as coisas. Antes de tudo, portanto, profecia tem a ver com os atos de Deus. O plano da Redenção, formulado desde a eternidade, é levado a efeito no transcurso do tempo e a profecia ressalta o fato de que os eventos da História, desde o passado mais remoto até o fim, não se sucedem por mera obra do acaso ou da providência humana, mas que Deus está no controle de cada coisa, operando "silenciosamente, pacientemente, os conselhos de Sua própria vontade... para o cumprimento de Seu propósito."4
Considerando que este propósito se concretiza na pessoa de Cristo e em Sua obra, é perfeitamente lógico que o dom de profecia seja denominado "o testemunho de Jesus" (19:10), e o conteúdo profético uma "revelação de Jesus". Para aquele que crê e tem a mente aberta para a iluminação do Espírito Santo, Jesus não é somente o Revelador de fatos a terem lugar na História, mas é também Aquele que é revelado no cumprimento histórico da profecia. Como Ladd afirma: "A História não é narrada por amor da própria História. Ela é narrada porque incorpora os atos de Deus."5 Assim, interpretação profética é fundamentalmente uma interpretação da História, "uma recitação confessional de eventos históricos na qualidade de atos de Deus."6 Ora, se o Revelador é revelado no cumprimento histórico das profecias, por que não o seria no enunciado do próprio conteúdo profético?
Projeção divina na História
Vista como interpretação da História, é natural concluir que a "profecia não trata exclusivamente do futuro", mas igualmente "revela a verdadeira essência do passado e do presente."7 Abarcando, em seu mais amplo aspecto, todo o trato de Deus com o pecado, ela projeta, tanto em sua formulação como em seu cumprimento, o Ser de Deus e Sua obra, através de Jesus Cristo, a "testemunha fiel e verdadeira" (1:5; 3:14), o perfeito Revelador. A isto o Apocalipse alude já em seu primeiro capítulo. Deus o Pai é exposto nos versos 4 e 8 e resplende-Se na pessoa de Deus Filho nos versos 5-7 e 17 e 18. Então no verso 19, a realidade divina, de início ligada ao Pai, em seguida revelada no Filho, projeta-se na mensagem profética, e achega-se, por ela, ao nosso âmbito circunscrito ao tempo e ao espaço.
O que é dito acerca de Deus não deve ser entendido como meras abstrações teológicas, desvinculado de qual quer sentido de ação divina. E verdade que expressões tais com o "Eu sou o Alfa e o Ômega" , "Eu sou o Deus todo poderoso", " Eu sou Aquele que é, que era, e que virá", etc , indicam realidades intrínsecas de Deus e denotam a Sua transcendência infinita. Mas o Deus transcendente, isto é, o Deus que está infinitamente além e infinitamente acima da Criação, é também o Deus imanente, o Deus que Se aproxima da Criação originando-a, preservando-a e redimindo-a. 8
Quando é dito que este Deus é "Aquele que é, que era, e que virá", está sendo evocado o nome com o qual Deus Se identificou a Moisés na sarça ardente — " E usou o que sou " (Êxodo 3:14) — dado imediatamente após a promessa de que Ele estaria com o Seu servo na difícil tarefa de libertar Israel (verso 12). Com efeito, o inefável nome YAHVEH (Jeová) aponta para o Deus que escolhe Israel para ser Seu povo, e entra em concerto com ele para cumprimento das promessas feitas aos patriarcas. É o Deus que liberta Israel, guia-o em segurança pelo deserto, coloca-o finalmente na posse de Canaã, e garante-lhe todas as bênçãos necessárias.
No contexto infinitamente mais amplo da profecia apocalíptica, a expressão destaca a eterna presença de Deus e Sua atividade restaurando a criação. Esta atividade iniciada no exato momento da queda do homem e desdobrada na passagem dos séculos, será concluída com o desaparecimento do último vestígio do pecado e a implantação da Nova Terra. Daí as formas verbais É (a eterna presença salvífica), ERA (atuação salvífica no início), e VIRA (atuação salvífica no futuro próximo erradicando o pecado). Deus é Aquele que Se coloca junto à criação que se perdeu, para restaurá-la à sua condição original. Como este é um processo que abarca o passado, o presente e o futuro, Ele Se apresenta igualmente como sendo o Alfa e o Omega, primeira e última letras do alfabeto grego, e o Deus todo-poderoso, ficando assim salientadas a Sua soberania e supremacia. Ele tem o inteiro curso da História nas mãos9, e o conduz rumo ao clímax final, quando Seu plano estará plenamente cumprido.
Esta obra divina de restauração é plenamente fundamentada nos eventos do Calvário e da ressurreição. A encarnação é o clímax da imanência divina, e através dela Deus é revelado. Daí observar-se, no quadro acima, uma adequada projeção da realidade do Pai na pessoa do Filho. Isto porque a invisível atuação de Deus no curso da História, cumprindo Seu propósito salvífico, se torna visível agora na manifestação do Filho. A eterna presença de Deus (É) deve ser vista no fato de que Jesus "vive" e "nos ama"; a atuação salvífica de Deus desde que o pecado penetrou neste mundo (ERA) deve ser vista no fato de que Jesus morreu para, "pelo Seu sangue" nos libertar e restaurar; o ato consumativo de Deus erradicando definitivamente o pecado e estabelecendo o Seu reino (VIRÁ) deve ser visto no fato de que Jesus "vem com as nuvens", evidenciando que está vivo "pelos séculos dos séculos" e que é o rei messiânico; e finalmente Deus como capaz de cumprir o Seu propósito (O TODO PODEROSO), deve ser visto no fato de que Jesus, em virtude do Seu triunfo, tem nas mãos "as chaves da morte e do inferno."10
Desde que esta projeção da Pessoa e obra do Pai na pessoa e obra do Filho constitui o conteúdo da revelação profética, João foi convidado a relatar "as coisas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer depois destas". Esta tríplice divisão do material profético deve corresponder, em sua aplicação, à tríplice divisão do tempo durante o qual o plano de Deus é cumprido: passado, presente e futuro, observando-se que aqui, em consonância com a perspectiva do escritor, é estabelecida a ordem normal do fluxo do tempo, enquanto que, no que respeita a Deus, Seu eterno presente ocupa posição de prioridade."
Centralidade da cruz
Assim temos em Jesus, com particular aplicação à Sua morte, ressurreição e glorificação, a evidência de que Deus, desde a entrada até a extirpação do pecado, jamais cessa de atuar na salvação do homem. Tudo o que se relaciona com a obra do Calvário é fundamental para o plano de Deus, e isto está claramente implícito na mensagem do Apocalipse.
A figura de Jesus como Cordeiro é um dos temas mais predominantes do livro. Adequada ênfase é dada ao fato de que Ele é o Cordeiro imolado para a redenção humana. Em 5:5 e 9, é este fato que Lhe confere dignidade e poder para transmitir a revelação. Isto significa que a revelação não somente é centralizada na cruz, mas é dependente dela. Na verdade, o evento do Calvário abrange toda a História da salvação.
Voltando ao capítulo 1, as palavras "estive morto" (verso 18) lembram que a cruz foi levantada num determinado local geográfico e num ponto específico de tempo. Ela é um fato histórico e consumado. Mas a virtude que promana da cruz transcende o tempo e o espaço. Jesus é o "Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo" (13:8) tanto quanto o Cordeiro "como havendo sido morto" (5:6).12 Assim, na cruz o passado e o futuro são envolvidos no intemporal presente salvífico de Deus. A ação divina para salvar, posta, como já se viu, em operação em todas as épocas, converge-se para a cruz como seu centro catalizador, e daí promana para o alcance de seus efeitos.
A centralidade da cruz é sentida ainda quando é afirmado que fomos "pelo Seu sangue" libertados "dos nossos pecados" e constituídos "reino, sacerdotes para o Seu Deus e Pai" (1:5). Os dois verbos aqui empregados, libertar e constituir, visualizam o efeito final do plano da redenção. O primeiro faz referência ao resgate, o preço pago para libertar o homem do cativeiro do pecado.13 O segundo é usado largamente no Novo Testamento com diferentes significados. Envolve especialmente a idéia de fazer alguma coisa, criar, cumprir um desígnio ou propósito.14 Aponta aqui para a restauração daquilo que se perdeu pelo pecado. Consumando-se a libertação do pecado, o caminho se abre para que o homem se torne uma nova criatura e seja recolocado em sua condição original.
O mais impressionante, todavia, é que este efeito final da redenção é visto como já alcançado na cruz. Em realidade o homem estará para sempre liberto do pecado e restaurado à perfeição edênica em sua plenitude somente na consumação escatológica. Durante o milênio, por exemplo, os remidos "serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com Ele" (20:6). Todavia, Ele já os constituiu reino e sacerdotes agora. Estes privilégios futuros são vistos como realidades presentes, pois as formas verbais libertou e constituiu apontam indubitavelmente para fatos devidamente estabelecidos e consumados.15 Isto só é possível porque na transcendência da cruz ocorre a concretização do plano da redenção.
Em razão deste fato, Jesus Cristo, que entrou na História quatro mil anos após a queda, pôde afirmar ser "o primeiro e o último" (1:17), "o Alfa e o Ômega", "o princípio e o fim" (22:13)16 Sem a cruz a História não teria sentido, ou então nem teria existido. Mas em virtude dela o plano salvífico de Deus se torna exeqüível. No cumprimento deste plano, Jesus Se posta em ambos os extremos da História "embraçando, governando, controlando o seu todo."17 "Neste sentido, toda a História, e não apenas a sua conclusão, é 'apocalipse', isto é, 'revelação de Jesus Cristo'."18
Conclusão
Temos observado como no Apocalipse Jesus faz uma revelação tanto de fatos como de Si mesmo. Esta auto-revelação é projetada na História conforme o conteúdo profético alcança cumprimento. A História nada mais é que o palco da ação de Deus em Cristo e através dEle para o total cumprimento de Seu propósito de salvação. "A visão cristã da História que nos vem de Patmos é, antes de tudo, uma visão de Cristo e de Sua invisível, mas certa e irresistível ação na História."19
Jesus deve ser visto como o centro convergente de toda a História porque, antes disso, Ele é o centro convergente de toda a profecia. E assim o é porque, antes de tudo, a revelação de Deus e de Seu propósito, para cujo cumprimento se impõe a ação divina na História, é feita em Jesus e por Jesus.20 A profecia, portanto, tem como objetivo último destacar a realidade de Cristo e incrementar fé nEle. "Desde já vos digo, antes que aconteça, para que quando acontecer, creais que Eu sou." (João 13:19.)
Profecia não deve ser estudada pelo simples prazer de se constatar o seu cumprimento na História. Se tudo o que se obtém de um estudo profético é esta constatação, logra-se muito pouco. Um seminário do Apocalipse, por exemplo, não se destina simplesmente a mover o estudante à memorização de um certo número de datas, ou à familiarização com alguns gráficos envolvendo períodos de tempo e cálculos matemáticos, ou à convicção de que tais e tais eventos históricos cumpriram tais e tais previsões proféticas. Coisas desta natureza têm inegavelmente o seu lugar de importância. Mas se vier a faltar o essencial, aquilo que é indispensável e decisivo para o desenvolvimento da experiência cristã e conseqüente triunfo sobre o pecado, realmente pouco benefício, se algum, será auferido. Se através do estudo da profecia não se obtém uma visão mais profunda do Filho de Deus e do que Ele, no cumprimento do plano divino, significa para o pecador, visão esta que resulte num aumento de fé, e num mais claro discernimento de Jesus e mais plena transformação à Sua semelhança, tal estudo não tem razão de ser. "Fale Daniel, fale o Apocalipse, e digam o que é verdade. Seja, porém, qual for o aspecto do tema apresentado, exaltai a Cristo como centro de toda esperança, 'a Raiz e a Geração de Davi, a resplandecente Estrela da Manhã'."21
Estudemos, pois, o Apocalipse, e comuniquemo-lo ao mundo. Mas façamo-lo de tal forma que a experiência do vidente de Patmos seja igualmente a nossa. Contemplemos "as coisas que em breve devem acontecer". Mas, acima de tudo, contemplemos nelas e em seu cumprimento. Aquele que as revelou a ponto de obtermos uma visão nova, mais profunda, autêntica e inspiradora "de Jesus Cristo", visão que traga o tão necessário reavivamento seguido do tão desejado refrigério que resultará na conclusão da tarefa e em nosso preparo para contemplarmos a Sua face naquele dia.
Referências:
1. Compare "revelação... que Deus... deu" em Apoc. 1:1, com "Deus... deu o Seu Filho unigénito" em João 3:16. Que tanto Jesus como o Seu ensino procedem de Deus é claramente atestado no quarto evangelho.
2. A. Plummer, The Pulpit Commentary — Revelation (London and New York: Funk & Wagnalls Company, 1913), pág. 1.
3. B. Carpenter, cit. em R. Tuck, The Preacher's Complete Homiletic Commentary (London and New York: Funk & Wagnalls Company, s/d), vol. XXXI, pág. 411
4. E. G. White, Educação, págs. 173 e 178.
5. G. E. Ladd, "The Knowledge of God: The Saving Acts of God, "Basic Christian Doctrines, ed. Carl R. H. Henry (Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Company, 1974), pág. 9.
6. G. E. Wright, God Who Acts (Chicago: Henry Regnery Company, 1950), pág. 57.
7. R. C H. Lenski, The Interpretation of St. John's Revelation (Minneapolis: Augsburg Publishing House, 1961), pág. 26.
8. Não há incompatibilidade entre a transcendência e a imanência divinas. Estas duas realidades se fazem presentes em Deus simultaneamente, propiciando-Lhe criar, preservar e redimir a Criação. Como os teólogos observam, a Criação jamais poderá exaurir os recursos divinos porque o Deus imanente é ainda o Deus transcendente e vice-versa.
9. "Alfa e Ômega equivalem-se às letras hebraicas Aleph e Tau, as quais eram consideradas não simplesmente como a primeira e a última do alfabeto, mas como incluindo todas as demais." R. H. Mounce, The Book of Revelation (Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Company, 1977). pág. 72. A própria palavra alfabeto alude a este fato.
10. Jesus tem as chaves da morte e do inferno porque ao ressuscitar comprovou o Seu triunfo sobre a morte. A ressurreição Lhe confere o direito de Se declarar o Todo-Poderoso: "É-me dado todo o poder no Céu e na Terra". (Mat. 28:18, Almeida Revista e Corrigida).
11. Cf. 1:10: "o que vês, escreve em livro... " Neste texto todo o material profético, que em 1:19 é dividido em três partes conforme a tríplice divisão do tempo, é conectado apenas com o presente.
12. Ambas as citações bíblicas foram tiradas da Versão Almeida Revista e Corrigida.
13. No grego é o verbo lú o, cuja raiz é a mesma da palavra lútron, preço pago, resgate.
14. O verbo é poié o, fazer, construir, criar, estabelecer, cumprir, constituir, etc.
15. O tempo verbal grego de ambos os verbos é o aoristo, indicando um ato completado.
16. Portanto, aquilo que é verdade quanto ao Cristo divino, já que em tudo Ele é igual ao Pai, é também verdade quanto ao Cristo humano, em virtude de Seu sacrifício e ressurreição. Isto é básico para a compreensão do emprego do termo primogênito (pr ototokos) aplicado a Jesus no Novo Testamento, nas expressões "primogênito de toda a criação", "primogênito de entre os mortos", e "primogênito entre muitos irmãos" (Col. 1:15 e 18; Apoc. 1:5, Rom. 8:29, Cf. Heb. 1:6).
17. R. C. H. Lenski, Op. Cit., pág. 73.
18. E. Corsini, O Apocalipse de São João (São Paulo: Edições Paulinas, 1984), pág. 80.
19. H. M. Féret, Op. Cit., pág. 62.
20. Para um estudo mais detalhado sobre a revelação de Deus em Jesus Cristo, principalmente como exposta pelo escritor do Apocalipse, ver o artigo de nossa autoria "A Revelação de Deus em Jesus Cristo no Quarto Evangelho", Revista Adventista, maio e junho de 1989.
21. E. G. White, Evangelismo, pág. 195.