Por Enoch de Oliveira (RA, jun/79)
Na minha opinião o núcleo do livro de Apocalipse encontra-se no capítulo 14. Aqui o vidente de Patmos apresenta um magnífico retrato do triunfo das três mensagens angélicas — fundamento bíblico sobre o qual está baseada a Igreja remanescente. Se for para triunfarmos com estas mensagens, precisamos compreender mais claramente do que muitos de nós o fazemos, o que a proclamação desta mensagem envolve. Precisamos também estar convictos de que estas mensagens não fracassarão nem a Igreja remanescente fracassará.
Os pioneiros deste movimento aplicaram a primeira mensagem angélica ao vibrante movimento Millerita e à sua proclamação de que "Cristo está prestes a intervir na história humana!''
Estes pioneiros criam que a mensagem do segundo anjo encontrou seu cumprimento quando as igrejas populares rejeitaram a apresentação Millerita da mensagem do primeiro anjo. Com fervor e convicção proclamaram: "Caiu Babilônia."
Então, em 1844 um movimento profético nasceu do ventre do grande desapontamento. Este movimento nasceu com a promessa de que triunfaria na proclamação da mensagem do terceiro anjo ao mundo.
Apesar da aplicação histórica da profecia de Apocalipse 14, as mensagens do primeiro e segundo anjos não alcançaram completo cumprimento naquele tempo. Na realidade, durante o período de formação da Igreja, nossos pioneiros na fé começaram a compreender que os sucessivos anjos desta profecia não proclamaram mensagens completas ou isoladas mas, cada uma delas, em seqüência, alargava ou ampliava a mensagem ou mensagens já dadas. Assim eles compreenderam que todas as três deveriam ser proclamadas simultaneamente como o último convite do Céu aos habitantes deste mundo confuso.
Deste modo, quando falamos da mensagem do terceiro anjo não devemos isolá-la das mensagens dos outros dois anjos. "Os três anjos de Apoc. 14 são representados como voando pelo meio do Céu, o que simboliza a obra dos que estão proclamando a primeira, segunda e terceira mensagens angélicas. Todas elas estão concatenadas entre si." — Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 372.
O que Significa Pregar Esta Mensagem
Nesta última mensagem ao mundo está implícita uma confrontação entre o evangelho verdadeiro e um falso sistema religioso. Juntamente com sua advertência explícita contra a guarda do Domingo, encontramos um chamado específico à guarda do Sábado instituído por Deus.
Creio firmemente que esta mensagem precisa ser pregada tanto ao mundo como à Igreja. Nossa tarefa não é somente anunciar ao mundo que os juízos de Deus estão prestes a cair sobre os que adoram a besta e a sua imagem; é também nosso privilégio ensinar à Igreja que Deus reservou uma bênção especial para aqueles que observam o Seu santo dia.
Em 1902 Ellen White aconselhou: "Oro para que os meus irmãos reconheçam que a terceira mensagem angélica tem muita significação para nós, e que a observância do verdadeiro sábado se destina a ser o sinal que distingue os que servem a Deus dos que O não servem. Acordem os que ficaram sonolentos e indiferentes. Somos convidados para ser santos, e devemos cuidadosamente evitar de dar a impressão de que pouco importará o retermos ou não os traços distintivos de nossa fé. Sobre nós recai a solene obrigação de assumir atitude mais firme em prol da verdade e da justiça, do que o fizemos no passado. A fronteira de demarcação entre os que guardam os mandamentos de Deus e os que os não guardam deve ser revelada com clareza inequívoca." — Idem, vol. 3, pág. 128.
A Igreja Adventista foi chamada pela Providência para restaurar o verdadeiro dia de repouso, dando deste modo um testemunho semanal ao mundo do poder criador de Deus. Isso envolve não apenas a proclamação da validez do quarto mandamento em contraste com o sinal da apostasia, mas inclui também a responsabilidade de demonstrar como observá-lo na letra e no espírito prazeroso da lei.
Guardando os Limites do Sábado
E nosso dever guardar cuidadosamente os limites do sábado. Antes do pôr do Sol da sexta-feira todos os cuidados e ansiedades relacionados com nossas vidas seculares deveriam ser postos de lado para que pudéssemos gozar a paz e a doce calma que vêm da comunhão com Deus. Nós podemos ancorar nossa fé no porto cheio de paz do repouso sabático na certeza do amor divino.
Um grupo de americanos que foi explorar uma área da selva africana contratou guias que, como descobriram mais tarde, eram adventistas do sétimo dia. Eles progrediram bastante no primeiro dia da expedição. O segundo dia foi bem e assim continuou através dos outros seis dias da semana. No sétimo dia, porém, os guias foram encontrados sentados sob uma árvore. "Vamos!" ordenaram os exploradores.
"Hoje nós não vamos", respondeu um dos guias em inglês sofrível. '' Nós descansamos para que a alma fique um dia com o corpo.''
Ele estava correto. Nós, humanos, precisamos de uma pausa semanal para descanso físico e para a restauração da alma. O descanso sabático nos coloca em sintonia com nosso Criador. Ele deveria significar para nós mais do que apenas um dia de descanso; deveria ser um dia destinado a promover uma mais profunda experiência pessoal com Cristo.
A Mensagem do Terceiro Anjo e a Justificação Pela Fé
Depois da experiência de Minneapolis, alguns perplexos membros da Igreja pediram que Eilen White explicasse a relação entre a mensagem do terceiro anjo e a justificação pela fé. Ela respondeu: "Várias pessoas têm me escrito perguntando se a mensagem da justificação pela fé é a mensagem do terceiro anjo e eu tenho respondido: 'Ela é, na verdade, a mensagem do terceiro anjo'." — Review and Herald, 1 de Abril de 1890.
Que lição podemos extrair dessa declaração? O falecido Pastor Arthur G. Daniells, ex-presidente da Associação Geral, responde: "Todos os que aceitam a mensagem do terceiro anjo deveriam ingressar na experiência da justificação pela fé. Cristo deveria ser revelado para eles e neles. Deveriam conhecer por experiência pessoal a obra da regeneração. Deveriam ter a mais completa certeza de que nasceram de novo, do alto, e que passaram da morte para a vida. Deveriam saber que sua culpa foi cancelada e que eles foram livrados da condenação da lei e assim estão prontos para apresentarem-se diante do tribunal divino. Deveriam saber por experiência vitoriosa que eles lançaram mão da fé de Jesus que os sustém e que por essa fé têm poder para guardar os mandamentos de Deus. ... A menos que esta experiência seja alcançada, o crente terá apenas a teoria, as doutrinas, as formas e atividades da mensagem." — Christ Our Righteousness, pág. 68.
A H ora do Juízo de Deus
Esta é a hora do juízo de Deus. Multidões estão perecendo sem Deus e sem esperança. Estamos nós tão presos nas torres de marfim das nossas preocupações pessoais que ficamos indiferentes ao destino daqueles que clamam por salvação?
Pouco antes de ir para a galé um famigerado criminoso inglês ouviu um verso das Escrituras lido por um capelão. Repentinamente ele interrompeu o capelão e disse: "Senhor, se eu cresse nisso que o senhor diz crer, mesmo que a Inglaterra fosse coberta com pedaços de vidro quebrado de costa a costa, eu alegremente andaria sobre ela, de joelhos se necessário fosse, para livrar até mesmo uma única alma da condenação."
Nossa mensagem é uma mensagem de esperança para este mundo. Não podemos transferir a proclamação que nos foi confiada a qualquer outro grupo religioso. Não podemos tampouco adiu" nossa responsabilidade de cumprir essa grande comissão.
Que desafio Deus nos faz! É tarde no relógio divino. Os dias de provação previstos há tanto tempo, estão sobre nós. A antiga ordem está se extinguindo. Aquilo que devemos fazer, precisa ser feito rapidamente.
A igreja remanescente de Deus não pode fracassar nessa última hora.
É-nos dito que a mensagem do terceiro anjo crescerá ' 'em resistência e poder até que a Terra inteira seja iluminada por sua glória. A carreira do povo que guarda os mandamentos de Deus é para a frente, sempre para a frente. A mensagem de verdade que levamos precisa ir a nações, línguas e povos. Ela irá em breve com grande voz, e a Terra será iluminada com sua glória. Estamos nós nos preparando para este grande derramamento do Espírito de Deus?" — Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 169.
Quando eu era estudante em nosso colégio em São Paulo, a estrada de terra entre a cidade e o colégio ficava praticamente intransitável durante a época das chuvas. Um engenheiro do Estado veio ao colégio conversar com o diretor sobre o terrível estado da estrada. Ele enumerou três inimigos que conspiravam contra a sua conservação. "O primeiro inimigo", disse ele, "é a água que enfraquece a base da estrada, pela infiltração. O segundo inimigo é a água, pela erosão que provoca e o terceiro inimigo é ainda a água que danifica a estrada ao acumular-se na sua superfície."
Da mesma forma, nós poderíamos enumerar os três inimigos que conspiram contra a confiança na nossa mensagem. O primeiro inimigo é a dúvida — dúvida das palavras infalíveis dos profetas. O segundo inimigo é a dúvida — dúvida do firme fundamento da nossa esperança. O terceiro inimigo é ainda a dúvida — dúvida das promessas de Deus. Não temos, no entanto, razão para a dúvida. Nas Escrituras encontramos eloqüente evidência de que este movimento veio à existência para triunfar.
E tempo para nos colocarmos a nós, às nossas vidas e meios nas poderosas mãos de Deus. Quando fizermos isso, milhares de almas serão convertidas em um dia. Isso não é um sonho. Triunfos nunca dantes conhecidos na história da Igreja de Deus serão testemunhados por nossa geração. A mensageira do Senhor nos assegura: "Vi que esta mensagem se encerrará com poder e força muito maiores do que o clamor da meia-noite." — Primeiros Escritos, pág. 278. O mundo será iluminado com o esplendor, brilho e glória das mensagens de Apocalipse 14.
Que privilégio é o nosso de sermos participantes na proclamação da hora do juízo de Deus! Devotando fielmente tudo o que temos e somos à causa de Deus, podemos apressar o mais grandioso de todos os eventos, a vinda do nosso Salvador, esperança da glória. A verdade que Deus nos deu triunfará. Nosso desafio é triunfarmos com ela.